Construção de uma nação
Uma derrota, um dia normal.
Eu estava com a garganta disparada
Percebi então, a cilada
Nos campos jogadores,
Suas vidas, seus amores
Sem valor ou compromisso.
Batalhei pesado por um disco de vinil
Uma capa preta, uma letra censurada.
Um grande artista do povo
Foi engolido pela cobiça.
E um grito foi berrado
Abafado,
Não foi escutado.
E quem gritou,
Não grita mais.
E quem sonhou,
Não sonha mais.
E agora nesta cela, nesta sala,
Nesta guerra, falsa paz.
Vivo morto,
Controlado, distorcido,
Evitado.
Sou o sonho que ninguém deseja,
A água que ninguém mais bebe.
O rio que corre fogo
O Homem que mata por prazer.
Sou o acaso na sua janela.
O disparo sem lado ou alvo.
Se a bala que viesse no encontro
Fosse o livro que não foi comprado.
E a força que foi desperdiçada
Se unisse numa plantação
A terra na mão, construção.
Da real intenção
De se construir uma nação.