Vago: portanto, sou vago...
Isabel Nocetti (acabo de o ler) presenteia-nos com um poema, «Vaga-lume», que começa:
Vago, vaga-lume*
vaga em mim...
Consulto o Aulete e observo que "vago" abrange os significados seguintes: "Indefinido, impreciso", "Vagante, errante", "Instável, inconstante", "Indeterminado, incerto", "Confuso, mal distinto, pouco pronunciado", "Que não sabe a quem pertence".
Tenta-me concluir: «Sou um vaga-lume! Sou vago em todos esses sentidos, nuns mais do noutros...»
E apalpo-me: Vejo que ainda sou carne humana com pele já gasta e enfileirada para ir cançando rugas cada vez menos belas... Quero dizer: Ainda não sou vaga-lume no aspeto e na conformação física.
Contudo, persisto na dúvida... Porque também quereria vagar em pessoas, que mesmo desconheço. Vagar honestamente ou não, tanto tem.
Não sei: Ando muito confuso e indefinido... Não sei bem a quem pertenço. Se pelo menos portasse em mim alguma luzinha... Mas nem isso.
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(*) "Vaga-lume" o «inseto coleóptero, de corpo brando, cuja fêmea carece de asas e está dotada de um órgão fosforescente» (cientificamente conhecido por "Lampyris noctiluca", recebe em diversas falas da Galiza os nomes de "Vaca-lume", "luze-cu" e "caga-lume".