Solidão

Quando se estiver sozinha e estar sozinha não bastar, vem a solidão fazer companhia.

Sorrateiramente se instala descolorindo o ambiente.

A solidão se instala primeiramente como uma tristeza, um desconforto ainda imperceptível.

A expressão do rosto ligeiramente denuncia uma tristeza que vem da necessidade de companhia.

O sorriso não é completo e não se abre totalmente e a alegria aos poucos vai dando lugar a uma mímica de convivência social para evitar que os outros percebam.

É possível ver que existe até uma força inconsciente forçando o sorriso que muitas vezes tem som de obrigação, consideração apenas.

A solidão está se incubando e às vezes abre a porta para que o medo também entre.

Medo de se estar Só consigo mesmo. Incapaz de dialogar consigo mesmo a criatura tenta a todo custo consumir seu tempo tedioso com um novo brinquedo.

É um robi, é a tv, é o computador.Algo que me tire da minha presença, que me consuma todas as energias e não me dê chance de sentir esta terrível dor chamada solidão.

A tristeza passa a ser mais freqüente a ponto de já não se percebe-la atuando.

Os olhos ficam miúdos e a esperança já passou para um mundo distante chamado “ideal”.

A vida continua, mas não tem o mesmo sabor para quem a solidão fisgou.

Aos poucos ela vai transformando o ser, minando suas emoções que agora se agarram a qualquer carinho como um esfomeado migalhando pedaços de pão.

Neste ponto a qualidade já não importa. O que importa é o contato físico.

Então a entrega às vezes é puramente irracional e de conseqüências muitas vezes desastrosa. Dor, arrependimento, Sofrimento, vazio. Sempre retorna esta mesma sensação de vazio insuportável.

E tudo isso eu vi acontecer em mim.

Em um tempo em que não existia vida interior em mim.

Em um tempo que não me era possível estar em silêncio comigo.

Laninha
Enviado por Laninha em 11/05/2006
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