Brisa 9

Meus devaneios me levam a um lugar perdido. Distante. Uma lembrança do futuro ilusório passa por minha cabeça. Ela e eu vivendo momentos felizes. Sorrindo sem medo. Nos olhando sem receio. Dormindo; preguiçando. Cantando músicas que pensamos forem feitas para nós.

Alegro-me com tais devaneios. Ao menos enquanto estou de olhos fechados. Tudo passa tão detalhado por minha mente; parece impossível ter sido inventado. Sinto o corpo dela me aquecendo, quando penso no inverno. Mas, então, abro os olhos. Levo cerca de cinco segundos para me reordenar. Lembrar de onde estava, o que estava fazendo. Então me vejo na escola, no banho, na cadeira do computador; tudo fica parecendo cinza. O devaneio se vai e eu raramente me lembro do que estava pensando.

Quando sonho, é óbvio, sonho com ela. Coisas que eu gostaria de jamais esquecer; mas, infelizmente, esqueço. Acordo assustado com o som da T.V., ou com alguém me chacoalhando forte: “6h20am, William! ‘Tá Atrasado pra escola!”. Eu resmungo, me debato, imploro mais cinco minutos (tudo isso evitando abrir os olhos); mas não por sono, ou preguiça. Só não quero acordar, só não quero esquecer, só não quero deixá-la sozinha, perdida naquele sonho bom. Quero ficar perdido lá com ela, pra sempre. Mas insistem tanto que acabo despertando.

O que eu gostaria de saber mesmo é se, um dia, os sonhos, os devaneios, tornam-se reais. Talvez sim, mas pra isso, eu preciso tomar uma atitude. Apenas algumas poucas palavras me separam de meus sonhos. Mas são tão complicadas, tão difíceis de falar. Mas, um dia, eu crio coragem; e, então, não precisarei mais despertar.

William Guilherme Sampaio [8/4/2008]

William G Gardel
Enviado por William G Gardel em 15/04/2009
Código do texto: T1541139
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.