Ter e não ser, eis uma questão

Tens muitas coisas ou pensas tê-las; tens uma casa, um ou dois carros na garagem; algumas plantas no jardim, observadas apenas quando estão floridas.

Tens nariz, por exemplo, que serve para respirar, cheirar, etc., só lembras dele quando está congestionado, porque se assim não fosse nem lembrarias que a todo tempo respiras.

Família tens nos momentos de festa; amigos são utilidades; amores são passáveis; o que importa é ter dinheiro e que todos do círculo de convivência o tenham para gastar juntos.

Livros só na estante, fazem parte da decoração...

Com o passar do tempo casas ficam velhas, com goteiras, rachaduras; carros precisam de revisão ou ser trocados; flores murcham; o nariz congestiona sempre; a família já não é presente nem em festas; amigos e amores apenas nas recordações; dinheiro só para os remédios.

Livros no lixo - a traça os trouxe o fim! Não há mais decoração...

O que restou?

Nada és agora e nada mais tens...

O que antes era ideal deixou o que poderia ser real passar...

A vida passou e você apenas passou por ela, sem que nada fizesse de novo a você mesmo e nem ao outro.

Teve tudo o que quis e nada conseguiu ser verdadeiramente.

Nada somos, não nos permitimos ser!

Apenas temos! Nos contentamos em acumular riquezas, levamos uma vida fútil, com pensamentos mais fúteis ainda.

Ser humano ainda está muito distante...

Estamos humanos, animais humanos...

Quando seremos seres humanos? Afinal, já fomos humanos?

Temos, ainda não somos, seria esta uma questão?

Talvez não esteja pronta para possíveis respostas.

AnaNunes
Enviado por AnaNunes em 13/04/2009
Código do texto: T1537535
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