Filhos do Tempo
Somos todos passageiros dessa agonia progressiva
Uns a chamam de vida, a chamo de morte presumida
Buscamos a paz apenas num discurso pseudoengajado
Cultuamos o ódio nas pequenas atitudes, até nas entrelinhas
Desejamos o amor-estatutário, estável, sem risco
Sepultamos nossas potencialidades, no humano medo
...de viver, pensar e repensar o mundo sob outro prisma
Choramos convulsivamente pelo cotidiano avassalador
Filhos do tempo, somos pequenos universos
Que um dia explodem e viram pasto
Sucumbimos às convenções sociais
Nos aquietamos no temor excessivo a condenações
Oramos por um mundo em paz. Quando houve?
Em discursos hipócritas nos prometem o Éden
Nem mesmo pacificamos nossas individualidades
Mal saramos uma ferida na alma, abrem-se outras
Discursamos por um mundo em paz, sem dor
Olhando enviesado para a verdade, particular ou universal
E esquecemo-nos que se nascer dói, renascer também
Contamos os dias, contamos fantasias feridas...
contamos dinheiro...frívolos
Tenho a tênue esperança que só do caos virá a luz