HOMEM MENINO
Ontem eu fantasiei o amanhã e me peguei vestido de criança. Busquei no passado o meu futuro, escolhendo entre o certo e o errado, o fato mais maduro. Fui desde criança de colo ao berço deixado de lado, fui o namorado da primeira professora, e vi minha mentira desfeita no olhar tranqüilo da boa companheira. Hoje acordei moleque, no sentido mais puro da infância, fui correr na vizinhança e apertar o botão da campainha. Iniciei a briga do meu pai com o vizinho, fui roubar devagarzinho uma goiaba no quintal, brincar de pique com meu irmão e fantasiar de longe o temporal. Amanhã estarei mais velho que depois, se eternamente voltar todo dia, a sonhar com a criança que sou na fantasia. No futuro tudo me será cobrado com tolerância, por haver sentido em cada trança, um jeito de olhar tranqüilo, e terei crescido apenas nos desejos, que faz nascer no coração, a esperança que corre entre paixões, de um dia ser homem velho, mas brincando feito menino.