Caridade... [prática cotidiana da morte-viva]

... nas noites, sejam quentes ou frias, pessoas invadem as ruas, deixando suas marcas não-assimiladas pelas calçadas sujas donde surgem ratos. Como o 'homem de lata', seus corações trepidam de tanta emoção, por fazerem bem... a si próprios? Seus dispêndios de tempo, energia, fadiga, tudo para 'livrar a alma'? Não é possível! Pessoas invadem as ruas para que as nuvens as invadam! O 'dedo de Deus' as toca para que façam viver aqueles que convivem e são esmagados pelos ratos: viver eternamente, pois, condição sine qua non da subsistência de si próprios!

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Fazem o 'bem', proliferando o mal. Sabem-se 'salvos', ao manterem a morte viva na cidade fria. Matam a vida, quando não vivem a morte. Subsidiam o caos, quando suas práticas 'fraternas' mantêm a Barbárie!

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Em noites, frias ou quentes, passos cambaleantes de gentes invadem a caótica cidade de metal e concreto, fazendo, por certo, algo que invalida a ação, no próprio ato. Vivem na miséria vivida do cotidiano factual. Sentem-se vivos enquanto são fantoches inúteis que giram a engrenagem, como autômatos dispersos e reagrupados pelo 'metafísico abstrato'. Como sempre, são pobres-podres, fantoches-autômatos que em 'diálogos lumpenzianos' fazem a Peste virar vida, no caos, enquanto vida se esvai pela enxurrada, de morte, que se torna Peste. Enfim, eis aquilo que chamam de 'mundo', de futuro, de solidariedade e de desenvolvimento sustentável: eis o Progresso!