Escravo ou dono?

Por vezes fico imaginando

como seres inteligentes podem conviver com tal amo

quando a mera idéia de escravidão causa repulsa e indignação

mesmo para quem a conheceu somente pelas páginas da história.

Senhor assim deveria ser abominado e desprezado

mas ironicamente multiplica cativos a todo instante

Obrigando-os a protegê-lo e viver em sua função

Mesmo que isso signifique

expor o corpo, a intimidade;

proferir palavras que não expressam o que desejaria falar;

sentar-se com quem não tem afinidade;

deitar-se com quem nunca amou;

achar belo o que no íntimo lhe pareceu feio;

vestir o que ele dita e calçar o que ele manda;

perder a noção de sentimento

para amá-lo acima de família, amigos e até de si mesmo.

Porque sua vontade nunca mais importa

e os limites do seu corpo gritam inutilmente

suplicando uma mínima porção de descanso

na tentativa de prolongar seus dias...

Mas “manda quem pode”, já rezava o ditado

E ele pode

e forja;

domina;

atrai;

cega;

entorpece;

humilha e enaltece sem obedecer a nenhum critério.

Quisera o escravo descortinar o manto

subjugando-o à seu mercê...

Abolindo a superior influência

conquistada por este soberano singularmente cruel:

Sr. Dinheiro.

Sandra Lima Costa Melo
Enviado por Sandra Lima Costa Melo em 03/04/2009
Reeditado em 09/04/2010
Código do texto: T1520511
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