Um pensamento lírico-materialista

Comenta Poeta Galega o meu «Reflexo fílmico» de 'Cabaret':

«O casamento outorga aos namorados (ou não) um poder a exercer o um sobre o outro. Deixam de ser pessoas livres. Daí que tudo o que quebre a "tranquilidade" do matrimónio seja reprovável. Promiscuidade s. f.: estado do que é promíscuo; mistura desordenada; confusão. A cabareteira não está dentro das normas, cria confusão. E deve pagar por isso. Porém o homem não paga, e, naturalmente, conserva a família... Tudo muito clássico. E nada exclusivo dos alemães.»

E eu lirizo materialista:

O matrimónio é contrato,

e talvez casamento, de dous

talvez namorados ou quem sabe...

Namoro vale por "seduzimento"

dele, quase sempre, por ela,

que declara ser antes seduzida...

Mas que é seduzir e ser seduzido?

Não é acaso mostrar um ao outro

a pele mais suave,

os ofegos mais delirantes,

os afagos mais cuidadosos,

e essa parte carnosa do corpo

que, cega, muda em pedra

os sentires do espírito?

E tudo isso causa "tranquilidade"?

Mas o contrário... Há contrário?

Que causa, desassossego?

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Até agora, até estes anos que percorremos,

o casamento apenas parece pretensão,

de procedência certa,

por canalizar a biologia, a precisão,

cada vez menos precisa,

de garantir a pervivência da raça macaqueira,

que dizem humana...