CARTA A REVISTA ANA MARIA
- EDITORA ABRIL ( Alamar Régis )
À revista ANA MARIA, da Editora Abril
- matéria de capa 'Guiada pela Luz Espírita,'
. mostrando a atriz Cleo Pires, espírita
De: Alamar Régis
Para: Jornalista Ana Paula Domingues
Editora Abril – Revista Ana Maria
anamaria.abril@atleitor.com.br
Prezada Ana:
Li, gostei e achei muito boa a matéria
de capa que você fez na revista “Ana Maria” desta semana,
“A luz Espírita”, em que enfoca a atriz Cleo Pires, na sua condição
de espírita, inclusive trabalhadora do Centro Espírita Casa do Coração,
em Ipanema, no Rio de Janeiro.
Todavia você cometeu alguns equívocos e
eu gostaria de fazer algumas considerações, em nível de colaboração
a você e a outros jornalistas da conceituada Editora Abril.
Veja bem esta citação sua:
“A atriz Cleo Pires é seguidora de
uma das principais linhas do espiritismo, o kardecismo, criado a
partir dos ensinamentos do francês Allan Kardec.” (o grifo é meu).
Em princípio o Espiritismo não tem
linha nenhuma, amiga; ele é um só.
A palavra “Espiritismo” foi
inventada... aí sim, pelo Allan Kardec... exatamente para identificar
essa coisa que você e muita gente chama de “kardecismo”.
Aliás, essa palavra, kardecismo, não existe no espiritismo.
Ela foi inventada, não se sabe por quem, exatamente em função
da confusão que muita gente faz em achar que tudo o que
envolve espíritos, mediunidade, e reencarnação necessariamente
tem que ser Espiritismo.
Aí começaram a dividir em linhas,
culminando com essa “maluquice” da cultura popular ao falar
sobre o assunto, quando utilizam expressões que não condizem
com a realidade: “linha branca”, “baixo espiritismo”, “alto espiritismo”, “espiritismo de mesa”, “mesa branca”, “espiritismo de terreiro”, etc...
Portanto, amiga, isto que você chama de
“kardecismo”, é que é o Espiritismo.
Você fala, também, em 40 milhões de adeptos.
Tenho certeza de que a amiga não sabe
bem a que universo está se referindo, haja vista a confusão
já registrada acima.
Suponho que você esteja se referindo ao número de simpatizantes
do Espiritismo ou ao número de Espiritualistas, o que envolve
também os nossos irmãos Umbandistas, os Esotéricos,
Rosas Cruzes, Candomblecistas etc...
Nem todo espiritualista é necessariamente espírita, amiga.
Se está se referindo ao número de
simpatizantes, o número está baixo; se referir-se ao número de
espíritas (o que você chama de kardecista), já está alto demais.
Não são 40 milhões e sim a metade disso, ou seja, 20 milhões.
Há um dado informado, oficialmente,
pelo IBGE, que dá conta que os espíritas no Brasil são pouco
mais de 2 milhões, apenas. É um equívoco lamentável, pela
distância absurda do número real, devido a um método falho
utilizado pelo referido instituto para apurar esse número.
Eles envolveram o Espiritismo no universo das religiões, visando-o
apenas como uma simples religião, uma crença, o que na verdade
não é bem assim, e saíram a perguntar às pessoas: “qual a sua religião?”.
Certamente não iriam conseguir mesmo os
resultados esperados, por duas razões:
Primeiro porque nem todo espírita
considera ou quer admitir o Espiritismo como religião. Eu mesmo
jamais responderia uma pergunta dessa. Mas esta é uma opinião
pessoal minha, que acho que qualificar o Espiritismo como religião
não seria nem qualificar e sim desqualificar.
Segundo porque nem todas as pessoas que
estão no movimento espírita, já identificadas como espíritas,
têm coragem de se assumirem espíritas. Isto ocorre em razão
de não terem ainda a solidez doutrinária suficiente, ou seja,
o entendimento completo do que realmente seja e
se propõe o Espiritismo, principalmente respondendo
a estatísticas ou a questionários onde se pergunta “Qual a sua religião?”,
com medo de retaliações por motivos religiosos, o que
lamentavelmente ainda existe, embora o artigo 5º da Constituição
do País não permita qualquer preconceito ou discriminação religiosa.
Ainda se nega emprego ou pratica-se demissões no
Brasil por causa de opção religiosa. Daí este medo.
A grande maioria prefere dizer que é católica ou afirmar-se
que não tem religião.
Pra você ter uma idéia, Ana, os empresários
espíritas tem vergonha e medo de patrocinarem veículos
de divulgação espírita, como rádios, revistas, televisão e
jornais especializados, com receio de vincularem a marca
dos seus produtos ao Espiritismo, temendo possíveis retaliações.
Portanto os números do IBGE são equivocados.
Fico mais com os números do IBOPE e da Rede Globo,
números estes que coincidem com os que têm também essa
Editora Abril, onde você trabalha, porque eu já vi,
aí mesmo, uma vez que tive uma agradável convivência com
essa Editora. Dê uma pesquisada interna.
Existem 20 milhões de espíritas.
Você cita, também, “há aqueles que freqüentam
o centro espírita, às vezes, mas não se consideram kardecistas”.
Estes são os curiosos, amiga, que vão sempre em
busca dos fenômenos, na expectativa de verem (quem sabe?)
uma comunicação de um parente que já tenha “morrido”
(será que é verdade mesmo?), ou talvez em busca do “tal” passe,
para afastar algum mal de si, como se fossem a uma “rezadeira”,
em busca de uma “limpeza”.
Mas ainda tem outro “equivocozinho” seu, Ana, no
momento em que fala sobre “o primeiro contato de Chico Xavier”.
Você cita: “os seguidores do espiritismo
aguardam ansiosos pelo seu primeiro contato com algum médium do
Brasil, ou mesmo do exterior”.
Isto não existe, Ana. Os espíritas não estão
aguardando contatos do Chico não, ainda mais ansiosos,
como você afirma. Todo o contato que ele teria que nos dar já
deu, em abundância, durante a sua vida exemplar como encarnado.
É óbvio que teríamos muita alegria em receber novos contatos,
na condição de desencarnado, pelo espírito que ele é; mas nada de
ficarmos na expectativa e com ansiedade. Virá naturalmente,
sem que estejamos preocupados que seja logo.
Mas a conclusão, amiga, é que o seu trabalho foi
maravilhoso, o momento foi muito oportuno,
e você está de parabéns.
Seja muito feliz e tenha muito sucesso em sua
carreira jornalística.
Abraços.
Alamar Régis Carvalho
alamar@redevisao.net
www.redevisao.net
Alamar Régis Carvalho - www.alamar.biz - www.redevisao.net - alamar@redevisao.net
PS – Recebi por email e socializo.
- EDITORA ABRIL ( Alamar Régis )
À revista ANA MARIA, da Editora Abril
- matéria de capa 'Guiada pela Luz Espírita,'
. mostrando a atriz Cleo Pires, espírita
De: Alamar Régis
Para: Jornalista Ana Paula Domingues
Editora Abril – Revista Ana Maria
anamaria.abril@atleitor.com.br
Prezada Ana:
Li, gostei e achei muito boa a matéria
de capa que você fez na revista “Ana Maria” desta semana,
“A luz Espírita”, em que enfoca a atriz Cleo Pires, na sua condição
de espírita, inclusive trabalhadora do Centro Espírita Casa do Coração,
em Ipanema, no Rio de Janeiro.
Todavia você cometeu alguns equívocos e
eu gostaria de fazer algumas considerações, em nível de colaboração
a você e a outros jornalistas da conceituada Editora Abril.
Veja bem esta citação sua:
“A atriz Cleo Pires é seguidora de
uma das principais linhas do espiritismo, o kardecismo, criado a
partir dos ensinamentos do francês Allan Kardec.” (o grifo é meu).
Em princípio o Espiritismo não tem
linha nenhuma, amiga; ele é um só.
A palavra “Espiritismo” foi
inventada... aí sim, pelo Allan Kardec... exatamente para identificar
essa coisa que você e muita gente chama de “kardecismo”.
Aliás, essa palavra, kardecismo, não existe no espiritismo.
Ela foi inventada, não se sabe por quem, exatamente em função
da confusão que muita gente faz em achar que tudo o que
envolve espíritos, mediunidade, e reencarnação necessariamente
tem que ser Espiritismo.
Aí começaram a dividir em linhas,
culminando com essa “maluquice” da cultura popular ao falar
sobre o assunto, quando utilizam expressões que não condizem
com a realidade: “linha branca”, “baixo espiritismo”, “alto espiritismo”, “espiritismo de mesa”, “mesa branca”, “espiritismo de terreiro”, etc...
Portanto, amiga, isto que você chama de
“kardecismo”, é que é o Espiritismo.
Você fala, também, em 40 milhões de adeptos.
Tenho certeza de que a amiga não sabe
bem a que universo está se referindo, haja vista a confusão
já registrada acima.
Suponho que você esteja se referindo ao número de simpatizantes
do Espiritismo ou ao número de Espiritualistas, o que envolve
também os nossos irmãos Umbandistas, os Esotéricos,
Rosas Cruzes, Candomblecistas etc...
Nem todo espiritualista é necessariamente espírita, amiga.
Se está se referindo ao número de
simpatizantes, o número está baixo; se referir-se ao número de
espíritas (o que você chama de kardecista), já está alto demais.
Não são 40 milhões e sim a metade disso, ou seja, 20 milhões.
Há um dado informado, oficialmente,
pelo IBGE, que dá conta que os espíritas no Brasil são pouco
mais de 2 milhões, apenas. É um equívoco lamentável, pela
distância absurda do número real, devido a um método falho
utilizado pelo referido instituto para apurar esse número.
Eles envolveram o Espiritismo no universo das religiões, visando-o
apenas como uma simples religião, uma crença, o que na verdade
não é bem assim, e saíram a perguntar às pessoas: “qual a sua religião?”.
Certamente não iriam conseguir mesmo os
resultados esperados, por duas razões:
Primeiro porque nem todo espírita
considera ou quer admitir o Espiritismo como religião. Eu mesmo
jamais responderia uma pergunta dessa. Mas esta é uma opinião
pessoal minha, que acho que qualificar o Espiritismo como religião
não seria nem qualificar e sim desqualificar.
Segundo porque nem todas as pessoas que
estão no movimento espírita, já identificadas como espíritas,
têm coragem de se assumirem espíritas. Isto ocorre em razão
de não terem ainda a solidez doutrinária suficiente, ou seja,
o entendimento completo do que realmente seja e
se propõe o Espiritismo, principalmente respondendo
a estatísticas ou a questionários onde se pergunta “Qual a sua religião?”,
com medo de retaliações por motivos religiosos, o que
lamentavelmente ainda existe, embora o artigo 5º da Constituição
do País não permita qualquer preconceito ou discriminação religiosa.
Ainda se nega emprego ou pratica-se demissões no
Brasil por causa de opção religiosa. Daí este medo.
A grande maioria prefere dizer que é católica ou afirmar-se
que não tem religião.
Pra você ter uma idéia, Ana, os empresários
espíritas tem vergonha e medo de patrocinarem veículos
de divulgação espírita, como rádios, revistas, televisão e
jornais especializados, com receio de vincularem a marca
dos seus produtos ao Espiritismo, temendo possíveis retaliações.
Portanto os números do IBGE são equivocados.
Fico mais com os números do IBOPE e da Rede Globo,
números estes que coincidem com os que têm também essa
Editora Abril, onde você trabalha, porque eu já vi,
aí mesmo, uma vez que tive uma agradável convivência com
essa Editora. Dê uma pesquisada interna.
Existem 20 milhões de espíritas.
Você cita, também, “há aqueles que freqüentam
o centro espírita, às vezes, mas não se consideram kardecistas”.
Estes são os curiosos, amiga, que vão sempre em
busca dos fenômenos, na expectativa de verem (quem sabe?)
uma comunicação de um parente que já tenha “morrido”
(será que é verdade mesmo?), ou talvez em busca do “tal” passe,
para afastar algum mal de si, como se fossem a uma “rezadeira”,
em busca de uma “limpeza”.
Mas ainda tem outro “equivocozinho” seu, Ana, no
momento em que fala sobre “o primeiro contato de Chico Xavier”.
Você cita: “os seguidores do espiritismo
aguardam ansiosos pelo seu primeiro contato com algum médium do
Brasil, ou mesmo do exterior”.
Isto não existe, Ana. Os espíritas não estão
aguardando contatos do Chico não, ainda mais ansiosos,
como você afirma. Todo o contato que ele teria que nos dar já
deu, em abundância, durante a sua vida exemplar como encarnado.
É óbvio que teríamos muita alegria em receber novos contatos,
na condição de desencarnado, pelo espírito que ele é; mas nada de
ficarmos na expectativa e com ansiedade. Virá naturalmente,
sem que estejamos preocupados que seja logo.
Mas a conclusão, amiga, é que o seu trabalho foi
maravilhoso, o momento foi muito oportuno,
e você está de parabéns.
Seja muito feliz e tenha muito sucesso em sua
carreira jornalística.
Abraços.
Alamar Régis Carvalho
alamar@redevisao.net
www.redevisao.net
Alamar Régis Carvalho - www.alamar.biz - www.redevisao.net - alamar@redevisao.net
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