Daqui ao Centro

Ônibus calmo.

Sem muitas pessoas.

Sem muita pressa.

Daqui ao centro quase uma hora e meia de alucinações, devaneios, miragens, viagens. Sol. Minhas divagações começam a se efetivar. Minhas leituras se alteram em cada ida. Abstrações imensas que começam a interpretar meu dia. Os graffitis correm no sentido inverso. De vez em quando, alguns param e acenam com um sorriso. Os coloridos me refazem do caos da cidade-urbana que me assola. Pessoas vagam pelas calçadas estampadas em cinzas. Daqui ao centro, quase uma hora e meia de gente extática presas ao preconceito do dia-a-dia. Uma Arruga de Agua pra relaxar essa viagem. Ah! Como me alivia. Tem que botar mais Azucar nessa via. A trilha sonora é composta pela Guitarra mágica de Eric Krasno e da sagacidade dos irmãos Evans... Solid ou Liquid? Break Out! É tudo que sinto quando vejo corpos serem arremessados para além da catraca da vida útil.

Daqui ao centro a vida se esvai por um tempo.

O percurso é como o do destino: curvo e sem definições propriamente suas. A cidade de metal e gente louca parece escurecer com a afazia dos parcos corpos que ocupam algum tipo de espaço, no tempo, mesmo que dure pouco... Mesmo assim, olho pro céu e sorrio. Não pelo destino da vida, mas pela vida do destino.