A Dita cuja Felicidade

Respostas não me faltam à pergunta: “o que é felicidade?”. Uma delas diz que a felicidade é tudo que posso sentir, seja do amor à alegria – não digo "do amor ao ódio" porque sinceramente vejo poucas, ou nem uma, diferença entre eles. Existe um tiquinho de felicidade em tudo que eu sinto durante um dia, seja alegria, tristeza, solidão, angustia, etc. Veja bem, pense no quanto seria doloroso conseguir sentir nada, garanto que, por exemplo, se você não tivesse olfato e por uma sorte, do fator destino, conseguisse um tratamento que curaria a sua doença, após a alta o primeiro odor que sentiria depois de tanto tempo sem o olfato, seria um perfume maravilhoso para você. Serve também de exemplo aquela velha lenda da humanidade sendo atacada por uma estranha epidemia de cegueira branca, no final, todos alimentavam seus olhos com as ruas rujas e um “o que aconteceu aqui?” felizes da vida. Costumo dizer que me imaginar sem sentidos me faz sentir uma dormência seca e agonizante, um silêncio que, presumo eu, seria doloroso demais. Pode ser contraditória, mas ser feliz é ter em suas mãos todos os seus motivos que alimentam a tristeza e a raiva (depressão na maioria das vezes) e saber manipular-la. “Por que se fala tanto sobre a felicidade?”, “por que se têm tantas explicações para ela?”, talvez para cada um dos casos anteriores, a resposta seria: “porque para se viver a base um alimento, precisa primeiro analisar e estudar o mesmo e suas respectivas reações no seu organismo, e assim, passar a incluir-lo na sua dieta para uma vida saudável, é o mesmo com a felicidade”. Acredito que apesar dos meus problemas, eu sou feliz. Porque eu tenho uma cama e uma casa onde posso dormir e lá se vai o resto do sermão de como você tem que dar valor às coisas... Não se importe tanto com as regras da maioria, apenas corra atrás e se canse de conquistar seus objetivos, oras! É do troço chamado Ser Humano ser materialista, no mínimo que seja, ou pelo menos não enxergar os seus próprios pés sobre um chão frio e duro, muitas vezes por fraqueza. Quem sabe se é isso que impedem muitos a enxergarem melhor a própria vida e, o quanto tem coisas boas acontecendo por de trás das imensas muralhas que os problemas se tornam? Enfim, eu sou feliz, tecnicamente e teoricamente falando. Ou seja, sou feliz, mas não estou feliz. Que ironia.

Já se perguntaram por que aquelas crianças sujas de barro, barrigudas, magricelas e com aquele olhar de desespero, sabem rir com mais sinceridade e facilidade que alguém numa situação melhor (você)? Eu respondo, porque elas não sabem o que é materialismo, porque elas não possuem algum objeto valioso para exercer o materialismo e, porque elas não sabem que naquele shopping está à venda um colar de diamante para babar por cobiça. No máximo o que elas tem de mais precioso é a própria vida, mas também não se preocupam tanto com isso, por isso elas vivem tão pouco, mas morrem depois de tanto correrem e aproveitarem bastante a bolinha murcha e socada naquele terreno baldio cheio de poças de lamas de bueiro, depois de brincar tantas vezes com a mesma bonequinha careca, impossível de distinguir se é boneca ou boneco de tão surrado. Elas morrem de tanto brincar e gargalhar, crianças sempre são perfeitos exemplos de como ser feliz, não acham?

Morra de tanto viver e amar, e isso será ter sido feliz na única vida que lhe foi ofertado.

Esta com certeza foi uma das piores coisas que eu já citei em palavras.

PR Lima
Enviado por PR Lima em 24/03/2009
Código do texto: T1503798
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