Sonhos e pessoas – Uma reflexão
Penso que há pessoas vocacionadas ao sofrimento. No início elas surgem em nossas vidas com sua presença marcante a nos encantar, no trato conosco, no jeitinho, na abordagem, na convivência fraterna, rica de manifestações e delicadezas que nos cativam, comovem e nos deixam reféns aos seus encantos.
Porém com o tempo, curiosamente essas primeiras impressões à medida que nos aproximamos mais, vão mudando de configuração. Não sei por qual razão as coisas vão se deteriorando. Talvez as perspectivas diversas com relação aos dois. Expectativas frustradas, ou até mesmo a fadiga, o cansaço, o estresse dessa vida tão sofrida.
Não sei responder com precisão. Tem um ditado que talvez explique melhor meu pensamento, mas também não sei se o ditado é esse mesmo?! Eu ando vitimado da doença de fraca memória... ‘De perto todos os gatos são pardos’... ou seria à noite? Ah! Você entendeu o contexto do texto, não foi? Risos.
Ou dos trechos da canção... Que também não sei se foi canção... “Às Vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas. O tempo passa e descobrimos que grandes eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais! (Bob Marley)”.
Também nem sei por qual ‘cargas d’água’ me dei aqui a essa reflexão, talvez porque eu mesmo esteja envelhecendo, ou quem sabe perdendo a pureza de só ver as qualidades nas pessoas e de forma injusta criar pedestais onde é dificil e cansativo, sem falar na injustiça de querer que pessoas sejam deuses a manter de pé alguém, quando a própria pessoa jamais pensou ou quis tal pedestal. Não sei! Continuo e continuarei sem saber.
Ocorre que bate uma inconfessável tristeza quando isso acontece da gente perder àquela profunda admiração que guardava por determinada pessoa, apenas por ela num determinado episódio ter nos decepcionado, afinal isso é de mão dupla. Também pode e seguramente ocorre do outro lado, ou seja, ela pode estar pensando o mesmo de nós outros. De forma que ser tolerante com a fraqueza dos outros pode nos garantir previamente que seremos também tolerados?
Uma coisa é certa não devemos julgar quem quer que seja, embora a tentação esteja sempre presente e é por demais importante se colocar no papel do outro. Como ele agiria se fosse eu? E o melhor continua sendo não fazer juízos precipitados sobre quem quer que seja e ser mais tolerante com os erros dos outros e com os nossos próprios erros. Tentar levar a vida com mais leveza.
Foi esta reflexão que me ocorreu nesta manhã de sábado onde o sol aparece ali fora depois de dias nublados. Desconfio que vou pegar minha bicicleta e pedalar na praia. Antes vou preparar a mochila com meu chá e chimarrão para degustar sentado no banco olhando o mar. Até a próxima!
Hildebrando Menezes