Auge
Não sou tão velho assim que justifique esta preocupação. Pergunto-me se é pelo fato de eu ser jovem que me aborreça tanto com isso.
Eu sou obrigado a aproveitar. Não há escolha nem liberdade. Tenho que.
Parece-me ser tão artificial. E eu com minha preocupação cega de querer sempre alcancar a clara superfície das coisas.
Um dia tudo acaba inexoravelmente. Fim.
Não suporto amar um destino tão miserável. Sou obrigado.
Tanta resistência. Aniquila pretensões supérfluas. Quase nada acaba restando. Pó.
Mas o pior de tudo é que ainda estou vivo. Não quero morrer.
Sei que me engano. Nem eu mesmo creio nas minhas verdades. Insisto.
Quem quer mais acaba encontrando o oposto. Tenho culpa disso. Vejo e não enchergo.
Está no meu alcance. Desconfio.
Parte de mim.
Eu sei. No final, é mero jogo.