Entre os Vivos

As vezes o desânimo,

Toma conta dos nossos dias...

Até parece que já não estamos no mesmo lugar,

E o nosso filme começa a rodar como num cinema mudo...

Nos achamos cansados,

Incapazes, imprevistos...

Fantasmas atordoados,

Entre os seres vivos...

Tudo nos parece igual,

E o nada parece estar cada vez mais próximo...

Esquecemos de nós,

E também já não lembramos muito bem dos outros...

Isso acontece por que as tribulações do dia-a-dia,

As decepções, os problemas de ordem existencial,

Conseguem bloquear a nossa auto-estima,

E isso nos deixa vulneráveis, perdidos no tempo...

Desanimar, é deixar morrer em nós a esperança,

É não acreditar no sol após às tempestades...

É perder o senso mediador da vida,

É matar-se a si mesmo em plena atividade transformadora...