VERSOS CARAMUJOS (DESTINOS DESTAS MINHAS MÃOS...)

...Ademais,

Estou muito rouco,

Fatigado, falaz

Para citar minhas

Costumeiras frases,

Tontas, surreais

Desentendidas

Por tanta gente

Que se esquiva da vida

Vá lá, eu sei,

Para lá de normais...

Pois sim,

Que de mim também sei,

Que desta mesma vida fujo,

Que nela sou degredado,

Deslocado, intruso,

Olhando tudo, ao meu modo,

Buscando um bando,

Esperando um sinal

De alguém...

Por enquanto:

Ninguém, ninguém...

Uso como escudo

Estes versos animais

Profundamente boçais

Que, no raso, dizem nada,

Mas se olhados com calma

Revelam toda

Minha derme calada...

Escorro-me refletido à larga

Pelos confusos vitrais

Do que considero ser

Minha alma...

Suportem vocês estes

Versos caramujos,

Profundos, anciãos...

Quero me ocultar

Muito mais do que

Entoco nas linhas

Conflituosas

Dos destinos

Destas minhas mãos...

Mãos...

Como tudo em mim,

São artefatos banais

Sonhando pelo prazer

A abraçar bacanais,

Procurando mais e mais,

Acenando apenas sim, sim...