Relacionamento: uma vida de perdão!

“ Melhor é serem dois do que um... porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro”

(Bíblia Sagrada - Eclesiastes 4:9 -10)

Coisa complicada é relacionar-se. Todo tipo de relacionamento no mínimo precisa de tolerância, se ela não existir o fracasso bate a porta.

Analisar o outro e apontar nele tudo aquilo que te irrita, que te magoa, isso é perfeitamente fácil, os erros alheios são claramente notáveis, mas fazer uma auto-análise e perceber que alguém também se sente agredido por você em vários momentos isso sim é difícil fazer.

É simples viver ao lado de uma pessoa que vive sempre de bom humor, que se anula pra viver uma vida de servidão em busca de sempre te agradar, que releva todos os teus atos, que nunca te feriu com palavras ou ações... enfim, é simples “amar” qualquer um com essas e mais características que são inexistentes em uma única pessoa.

Como muitos dizem: é fácil ser amigo quando tudo vai bem.

Não há dificuldade em conviver e aceitar alguém quando se vive em um mar de rosas (aliás até no mar de rosas deve haver dores, já que rosas têm espinhos).

O difícil é continuar amando uma pessoa que passa por dificuldades e muda de humor por isso, que nem sempre anda com aquela limousine, que às vezes por estar irritado te machuca, embora não devesse e nem tivesse direito disso, que algum dia por alguma razão foi infiel com você.

Não tem como um ser humano dizer que mantém um relacionamento sincero e verdadeiro sem antes ter passado pela dificuldade. Não me refiro somente a permanecer ao lado do outro na hora da aflição, mas a saber perdoar se ele errar.

A maior prova de amor é a renúncia, e perdão faz parte dessa renúncia... é abrir mão do orgulho e da mágoa...

Óbvio que tudo não é simples, imagina ser traído?

Imagine lutar para sempre agradar alguém e em algum momento por algum motivo q ele considera justo e você não, ver que todas as suas abdicações foram lançadas ao vento?

Mas é necessário ao menos tentar entender e se posicionar no lugar do outro, ver se realmente um erro é capaz de destruir todas as camaradagens vividas. Infelizmente, e com razão, quando alguém comete uma falha não tem como tentar compensar os anos de fidelidade. É doloroso demais se sentir traído. É doloroso imaginar que o parceiro(a) não teve a mesma consideração e respeito... dói, machuca ver que talvez toda aquela fidelidade possa ter sido de pura ilusão. Qual seria a resposta e justificativa pra uma apunhalada? se é que existe alguma...

Ser atingido por quem não significa nada não chega a ser tão revoltante, mas quem era seu refúgio em meio à tempestade, o teu espelho, teu par na dança, teu confessionário é terminantemente uma das piores dores que podemos sentir.

É impossível não pensar se realmente vale a pena confiar em um ser humano novamente, mas é preciso ser tolerante e lembrar que você é semelhante e que também erra... talvez não da mesma forma!

Por mais parecido, ninguém é igual. Uns são mais fortes, outros mais fracos em algo, é imprescindível não notar as limitações do companheiro(a).

Uns ao torcerem o pé caem e não levantam mais até que alguém os ajude; outros, ainda que tenham torcido de forma violenta levantam e seguem suportando a dor até que uma hora ela seja esquecida pelo caminho.

É importante refletir se suas cobranças e desejos podem ser saciados, para que depois não haja frustração ao se deparar com a fragilidade e erros do outro. É preciso saber até onde vai sua aceitação das diferenças.

Quando o desejo de um é diferente e as expectativas não podem ser todas supridas, chegará o tempo em que as insatisfações serão cada vez maiores. Creio que relacionamentos sejam feitos de reciprocidade e troca. Porém não se trata de contabilizar ou de um negócio onde só um tenha que sair no lucro, mas de cada um fazer sua parte.

Sabendo sempre aceitar as diferenças...

E entender que uma hora o outro pode fraquejar por estar machucado.

Um relacionamento só pode ser bom quando há sintonia, quando os ritmos estão afinados. Quando a dança segue sincronizada, “suave como a bailarina”.

Mas todo espetáculo está sujeito ao erro, a um escorregão, basta somente saber relevar e apreciar o restante e não fechar as cortinas...

Se há mesmo o AMOR e o desejo de fazer dar certo, sempre é possível recomeçar...

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