Mercado Cheio

Fui ao mercado, acostumado a fazer isso, um prazer, não vou falar das funcionárias, deixa isso pra outra ocasião, vou escrever sobre o tumulto e o consumismo, o que querem mesmo é consumir, comida, nenhuma crise resiste ao desejo da fome, do alimento, arroz e feijão de princípio e a sobremesa por completo.

Plena noite, depois das oito, antes das nove, mercado de bairro, dia de pagamento?

Famílias unidas pelo carrinho cheio, já vi gente que lotou dois carrinhos e já vi gente que estava leve, com um ou dois itens nada pesados nas mãos, só esperando na fila, que de manhã se enche o pão e as frutas frescas que lembram uma feira são os mais procurados, depois qualquer coisa é comprada, de lâmpadas a carnes, de biscoitos refrigerantes, de acessórios a utensílios, tudo de um pouco, lucro para quem, consumidor, dona de casa ou para o dono do estabelecimento, gerente da loja?

Bom, os corredores cheios, épocas como Natal e Ano Novo me fazem fazer toda uma preparação especial para enfrentar o local, todos fazem uma cara de calmaria, de paz, mas por dentro estão nervosos, com pressa, querem consumir, precisam consumir, querem pagar, dinheiro vale, cartão vale débito, crédito, não importa, ninguém empata de você gastar ao menos você mesmo, que tema escolha, comprar ou não, penso que não existe crise durante essas horas, por um motivo, a fome, não é ganância do carrinho mais cheio e nem a quantidade de filhos que vão encher de besteiras as compras.

Moças bonitas, umas acompanhadas e outras não, aqueles que vão em busca de carvão e é claro a carne para o churrasco do futuro, o mais velho que leva os mais novos para pegarem e escolherem o que quiserem vidas tumultuadas, esbarrões simultâneos, trocas de olhares, relacionamentos de minutos, e a gentileza dos “obrigado”,” obrigada”,” de nada”,” com licença” e tudo mais.

Uma aventura acarolada, cansativa mas viciante, é bom ir lá e reparar nas pessoas e em seus pequenos gestos de liberdade compradora, as caras, aqueles que passam as compras e depois, olham o valor e pagam com olhares sérios, ou a simples ida de duas pequenas crianças que compraram salgadinho e retornaram ao lar comendo, R$1,99- esse o preço, com certeza amanhã ou semana que vem , isso aumenta.