Sociedade Nua
Imaginem só caros leitores se vocês vivessem em tal lugar, cidade, país e sociedade em que todas as pessoas, de crianças até gente mais velha e experiente, os funcionários dos estabelecimentos, os homens e as mulheres que vocês estão acostumados a ver, seus familiares mais íntimos e seus inimigos mais ardilosos, pensem na possibilidade de viver nu, sem a roupa do corpo, sem uma peça de roupa, sem as cores de uma blusa e ao menos as pequenas formas das vestimentas íntimas, que dó dos comerciantes, magazines e vitrines não existiriam, uma boa economia para quem vive de consumo próprio e um imenso prejuízo se tratando de fábricas, propagandas, anúncios e a tristeza desses centros comerciais cheios de seres em busca de meias, luvas, contrapés e casacos, também tecidos, o que seria o tecido numa vida dessas?
Iria ser uma mescla de sentimentos, volúpias, sons e gestos, penso em muitas situações, acho que a fertilidade seria maior, muitos bebês vindo ao mundo com uma população recorde e pobre, necessitada de ajuda humanitária, muitos organismos em chamas, um fogo corporal, mas duvido de que em todos os dias os humanos chegassem ao ponto de enlouquecerem ao ponto de se jogarem uns em cima dos outros para deleite de relações prazerosas, iria ser um costume a nudez e não um escracho carnal como num filme do gênero, mas seria sem sombras de dúvida algo interessante e magnífico, o comportamento desde pequeno até a época de adulto em que surpresas acontecem, mas não teria o suspense de pensar nas formas de determinada criatura, tudo estaria esposto, pronto, na frente de todos, sem censura, restrição ou caras e bocas feitas pelos mais conservadores e pelos românticos de plantão.
Fico pensando nas reações mais próximas, de família mesmo, todo mundo nu, andando, tocando, cumprimentando, ajudando, pais e filhos, netos e vovôs, madrinhas e afilhadas, animais e filhotes, e as carteiras, só elas resistiriam?
E o dinheiro meu, seu e de grande parte? Nenhuma dona arrumada guardaria no decote do vestido, da blusa, enfim, mãos fechadas, sem bolsos pra enfiarem os punhos e sem o suor gerado das camisas quentes e extravagantes existentes, as peruas mal seriam chamadas de peruas e seria difícil distinguir o rico do pobre, pois voltando aos dias normais as aparências são vistas, querendo ou não, pelas roupas vestidas e postas nos corpos, diversos e milhões que se escondem da natureza humana que estraga e conforta, muitos sofreriam se tudo mudasse e um dia isso fosse lei e condição, prisões, abusos e pura revolta, loucura insana, todos pirariam em torno de tal decisão do governo, divinal, santo pecado, rasgado, mexido, animais salientes, bestas humanas, como pode isso?
Maravilhas seriam olhadas a todo o momento, mas desprazeres também poderiam ser avistados, olhos mais vivos do que nunca, o maior sentido com certeza seria isso, até cegos iriam querer enxergar pra ver todo circo armado e uma guerra da moralidade contra o erotismo marcante até quando estamos vestidos dos pés a cabeça.
Encerro esse meu pensamento continuando a refletir sobre esse inegável momento de loucura e clímax que me veio à cabeça nesta noite quente como um corpo ausente.