Meus Eus
Não posso dizer quem sou porque não me descobri ainda, não encontrei os pedaços de mim ou aquilo que sobra depois de um grande amor.
Muitos seres habitam a imensidão do meu ser.
Muitos eus tomam conta de mim e há momentos em que não me vejo em nenhum deles.
Busco-me em outras histórias, me levo em gestos e rostos familiares, contudo não consigo enganar-me por muito tempo.
Vago na imensidão dos desejos, por vezes dou asas a sonhos que em vôos de águias, me mostram o alto da montanha. Sonhos contudo, sempre acordam , fico então ao dissabor das terras firmes, das idéias copiadas, planos arranjados e felicidades encomendadas.
Tenho então, vontade de subir ao alto da montanha e reencontrar o guerreiro que um dia eu também fui. Então eu escalaria a incerteza corajosa das pedras largas e esculpiria nelas minha própria história, que seria descoberta por um outro ser que também em desajuste universal, subiria ao alto da montanha e na busca de si mesmo encontraria os restos do que fui, que nunca cheguei a saber.