Efêmero
Passa.
O tempo, o momento, tudo passa.
E apenas os relógios que se travam
Ou apenas os humanos que se isolam
Não se ajoelham às engrenagens alucinógenas
E incontroláveis
Do tempo do tempo.
Sem som, passa.
O dia passa.
O sol nasce no Este e se põe no Oeste
Passa cíclico e volta logo.
Sempre volta logo.
Mas passa, não é o mesmo Sol de ontem.
Não é a mesma luz
Sem Sol, Sem som, passa!
A vida é apenas um piscar de olhos
Uma chama ardente em um pavio findo
E não há o que apelar aos deuses
E não há como discordar.
Apenas tudo passa.
Sem não, Sem Sol, Sem som, passa
E pode-se correr por verdes campos
Pode-se atrasar o relógio ou inverter suas engrenagens
Pode-se nascer no final, morrer no início
Pode desenhar-se em mil imagens
E as imagens passarão.
Sem Dorian, Sem não, Sem Sol, Sem som, passa!
Passa como asas em rápido vôo
Passa como uma guerra, uma meta
Passa como um estrondo
Passa como Hiroshima passou.
Com marcas.
Sem Dorian, sem não, sem Sol, sem som, passa.
mas deixa marcas, cicatrizes
Deixa feridas, lacerações
Deixa carne viva