CHUVAS DE INVERNO

Partidas são as horas que me chegam ao inverno...

O vento frio que sopra sobre as folhas,

A chuva fina que cai,

O gelo das matrizes correntes,

O orvalho matinal, gentilmente banhando as flores...

Os pés descalços sobre a areia,

A pele nua em excêntrica beleza crua...

Lábios roxos, endurecidos,

Olhos desbravadores, retidos...

Um céu com nuvens grisalhas,

Onde repousam os trovões...

Navegam as gralhas,

Gaivotas e faisões...

No horizonte, as montanhas...

Por entre as paredes de neblina,

Ofuscando a visão dos prados,

Campos, cumes e cortinas...

Nas ondas, a clara agitação das águas,

Que se espalham apressadas...

Entre a voz sutil das rochas por elas tocadas,

E o silêncio da noite que nunca se exalta...