GRACIOSO AMOR

Vou caminhando meus dias sonhando buscar alguns bons momentos, relevantes momentos, algo que se possa levar como exemplo que a saudade não deixará morrer. Mas são somente alguns bons momentos entre espaços muitos que não quero guardar lembranças. É humano remoer um sentimento danoso ao espírito, cultivar o ódio pelo mau uso da palavra, pelo mau desempenho de certas ações, pelo enredo criado no pensamento , irracional, uma passionalidade nascida no apressado julgamento de ações alheias. Mas ninguém é perfeito, ou por outra, talvez faça parte do acerto, certos erros que nos levam a consertar trajetórias. Quando me sinto amando dou a palavra ao meu coração, deixo que flua uma felicidade incontida, mas também não impeço uma pequena insegurança escondida, um medo guardado no canto da memória, já que o amor não é primeiro e como de praxe, carrega consigo alguns espinhos, alguns bem pontiagudos que ferem a carne e também a alma. O amor é simples demais para ser aceito sem explicações, doar-se por inteiro é tarefa de gigante, muitas vezes uma tempestade num copo d’água, mas é assim que acontece, e me parece, é assim que tem que ser. Então aceito o amor como janela para bons momentos e porta para aceitação dos espinhos, de um, o carinho, do outro a provação. Quando verdadeiro o amor é remédio para as dores que os espinhos teimam em fazer acontecer, não fosse à força e qualidade do remédio, morreria de dor antes mesmo que brotassem esses bons momentos que a vida se encarrega em me agraciar.