Somente Frágil Carne
Agora tudo mudou
Eu sinto
É como se o abismo estivesse não a minha volta, mas dentro de mim
Invadindo minha mente
Contaminado meus ossos, meus sonhos, meu mapa genético
Como se tudo se transformasse em vidro
Fraco
Gritante
Agonizante
Rasgando todas as dimensões existentes em um só núcleo de pensamento
Um universo inteiro retorcido, desmontado como um castelo de brinquedo
Não lembro mais da última vez quando sabia que caminho eu iria seguir
Me perdi na floresta
Ou a floresta me devorou
A voz tremula se calou diante de toda ausência
A vida se foi apesar de ainda as luzes da casa estarem acesas
E quem eu sou agora?
Fraco
Gritante
Agonizante
Sou o abismo que se consome até a verdadeira inexistência absoluta
E como um grão de areia levada pelo vento perdi meu destino
Ou o destino me perdeu
Não importa mais qual sentença seja genuína
Saber a resposta não mudará o resultado da equação
Ainda serei coroado pobre peregrino
Sem alma, sem coração
Cigano maldito de nome desafortunado
Estrangeiro do mundo, invasor invadido, reino vencido e apagado
Serei somente palavras de um desconhecido esquecido
Textos sem sentido, com sentido, lidos, ignorados...
Serei somente frágil carne.