SÉRIE ALMAS PEQUENAS Nº 18 - A DESONESTIDADE
No lábaro da mais dolosa indignidade, tremula essa pífia devassidão;
Que afunda a consciência na devastação, que implode a alma com torpezas;
É a contra-mão de toda humana natureza, é o ser vivendo em escuridão;
Que lucra na defraudação, que tem inimizade com a franqueza!
E é na senzala da ambição que sua fonte se abastece;
Tem sempre menos do que pensa que merece, é arapuca de infindos artifícios;
Projeta multidões de malefícios, não poupa quem supõe que lhe conhece;
Não é sincero nem quando faz prece, é fraude descarada em seus indícios!
O desonesto toma posse consciente do que a ele não pertence;
Só há um surto que lhe vence: o da trapaça traiçoeira;
A sua lágrima é atriz inverdadeira, não há reflexão que lhe repense;
Quando seu ato se esconde num suspense, é por armar nova fogueira!
O desonesto não comunga com a verdade, nem tem honra no que diz;
Quem lhe ama há de ser infeliz, quem nele crê logo haverá de lamentar;
Dentre os pulhas um dos piores que há, é peçonhento mar de ardis;
Perderá o que tem nem terá o que quis, pois não condiz com a sorte feliz que o justo verá!
"De todas as fraudes estreladas em palco desonesto, a mais devastadora é aquela que lhe furta a própria sorte!" (Reinaldo Ribeiro)