Tempos Pós-Modernos (5)
No endereço abaixo é possível abrir a foto de uma foto: Centenas de pessoas nuas posam para o fotógrafo nova-iorquino Spencer Tunick, na praia La Zurriola, em San Sebastian, na Espanha.
É uma cena que já se repetiu algumas vezes nos últimos anos, inclusive no Brasil.
Não sei qual lado faz o maior papel de bobo: fotógrafo ou fotografados.
Imagina talvez spencer Tunick que está a desnudar a realidade, capturar algum tipo de essência humana oculta por sob as máscaras do cotidiano ou chocar a sociedade com o intuito de obter mudança de mentalidades.
Tenho a impressão de que falhou no seu objetivo ou objetivos. O duro é que se for confrontado com esses questionamentos, provavelmente se sairá com um argumento tipicamente pós-moderno: "não tento explicar o que faço, apenas sigo minha intuição". A palavra "intuição" tem sido usada como uma maneira de as pessoas se livrarem da responsabilidade de pensar sobre o que estão fazendo: se é ruim, bom, a serviço de quem, etc. Intuição é o João-sem-braço pós-moderno.
Pois bem, os panacas da foto (fotógrafo e fotografados) estão, a meu ver, dourando a realidade grotesca criada pela desumanização: como não determinamos mais nada, seguimos fazendo exatamente o querem o capital, os fabricantes de tecnologia e os publicitários, é preciso montar uma farsa para mostrar o quanto somos livres. "Vejam, o que era proibido antes, tirar a roupa no meio da rua, a gente pode fazer agora e ainda registrar para a posteridade, espalhar pela internet. Bobo é quem questiona. Tirei a roupa e achei muito bom. Acabou o drama de pensar sobre se estão me ferrando, passando a mão na minha bunda. O que é uma mãozinha na bunda? O importante é ter 10 dias sem juros no cheque especial. Algumas coisas não tem preço, as outras o cartão Unibanco-Itau-de-vantagens-Bradesco-Ourocard-que-trabalha-como-um-team-30-horas-de-noite-53-horas-pela-manhã proporciona.
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