SÉRIE ALMAS PEQUENAS Nº 16 - O INDIFERENTISMO

Há quem não sinta o mínimo interesse pelo clamor da coletividade;

Que é surdo para os gritos da cidade, que vive sem a força da paixão;

Nada remove as neves de seu coração, não lhe revolta a foice da maldade;

É vacinado contra sensibilidade, jamais lhe invade a indignação!

O pão solicitado nas calçadas, a violência de avidez imperatriz;

Julga ser algo que não lhe condiz, consciência interventora nem lhe é remota;

A injustiça é mazela que não lhe revolta, para a exclusão torce o nariz;

Presume o preconceito como mito de quem diz, e mesmo a miséria pouco lhe importa!

Não lhe desperta a íntima cólera qualquer indigna ação;

Não repudia a exclusão, a sua alma é estéril de atitudes;

Nada produzem suas supostas virtudes, nada desfaz sua estagnação;

Não interage com a história de sua geração, não auxilia quem carrega as cruzes!

O veneno do ópio corruptor lotou o seu olhar de lama e cisco;

Está contente com o pão e circo patrocinado pelos maus governantes;

Ignora o amanhã de seus presentes instantes e se faz aliado dos riscos;

Mas o futuro há de fazer confiscos, cobrando toda inércia havida no antes!

“A corrupção que aniquila a dignidade de um povo é proporcional à sua falta de mobilização” (Reinaldo Ribeiro)

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 11/02/2009
Código do texto: T1433391
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