Acidentes circustanciais
Ainda que manusiemos pequenos cavacos
Haveremos de cuidar com as farpas
Ou elas nos lembrarão com sangrentas cutucadas
Ainda que nos encantemos com uma pequena fogueira
Deveremos cuidar com nosso próprio vento
Ou ele provocará labaredas que nos desfigurarão a face
Ainda que entremos num mar azul e manso
Haveremos de respeitá-lo pois abaixo de sua superfície
Há um mundo desconhecido que poderá nos tragar sem volta
Nunca estamos totalmente seguros
Nunca somos totalmente puros
Pois há vaidades que nos distraem
Que nossa vontade exagerada de desbravar o mundo
Não se transforme na causa que irá nos aniquilar
Nem afastar, maculado, nosso semelhante
Que nossas armas, as tuas e as minhas
Não roubem o lugar de nosso enlace das mãos
E que amar seja, finalmente, nunca ter que pedir perdão
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