O fim?
Depois do estrondo, alguns segundos de um silêncio ensurdecedor tomam conta de mim. De repente, gritos desesperados a minha volta. Sem entender nada, permaneço ali inerte. A chuva fina caindo sobre o meu rosto deformado, me mantém consciente, mesmo sem entender o que se passa. Aos poucos, imagens da minha vida tomam conta da minha mente, minhas vitórias e minhas derrotas se digladiam por um espaço dentro de mim. Meus amores e meus dissabores parecem querer me mostrar o que não vi. Tanta gente a minha volta, nenhum rosto conhecido e de repente algumas coisas começam a fazer algum sentido. O cheiro de gasolina se mistura com o forte odor de pneu queimado, mesmo assim ainda peço um cigarro. Que bobagem a minha, achar que podia fazer aquela curva, confiando demais nas habilidades que nunca tive, ultrapassei os limites da física, sem ao menos conhecê-los. Escuto uma sirene de longe, será que vou conseguir sair dessa? Fecho meus olhos e rezo para um deus que não conheço, e neste momento ele se mostra. Um silêncio e uma paz que eu nunca havia presenciado tomam conta de mim. E agora? Seria este o fim?