Sem valor,
sem pudor,
sem pensar,
sem temor...
Assim você me enxerga
e crava em meu peito
suas flechas,
sem ao menos tentar
entender...
Que o mundo que habita em mim
vive sempre além
e aquilo que você trata
com desdém,
é sempre teu maior
refém...
Prende-me
em grades invisíveis,
sufoca-me
com encontros
sempre tão
imprevisíveis...
No futuro quer-me como
morada,
no presente
Esconde-me
e trata-me como
um nada...
Vê em meus olhos
a beleza daquelas flores
sente em meus lábios
o desejo e seus temores...
Mas, não passa de um
momento,
instante sem nexo
em meio à rotina,
nem o prazer
do sexo...
Não compreendo
não aceito,
sofro,
esquartejo
esse sentimento...
É tudo fogo de palha
é tudo
tão cortante
feito navalha...
Deixa-me passar
em sua realidade
sem mais iluminar,
sem emanar
o que não parece absorver,
sem esperar que
um dia você venha crer
no que é real...