Muito barulho por nada....

Às vezes penso que o crescer não aconteceu comigo, afora todo o tamanho, há dias em que me sinto tão pequena, tão pequena que passo despercebida aos olhos de todos, aos olhos de mim mesma...

Nestes dias busco lá no fundo forças (as vezes custo a achar) para voltar à normalidade. Quando era guria costumava escrever em forma de orações, fazia longas cartas para Jesus, escrevia francos diálogos entre nós e assim amenizava as dúvidas do meu coraçãozinho adolescente. Tive rigorosa formação religiosa, desde os primeiros anos em Salvaterra estudando religião com Freiras, já em Belém fiz a segunda parte do primeiro grau em um tradicional colégio também de freiras e o segundo grau nos Maristas daqui. Respirei religião, religiosidade o tempo todo. Dele então me fiz amiga era comum freqüente a minha presença diária (ou quase) nas capelas dos dois Colégios.

Era lá que me abrigava quando triste, me recolhia em orações, mais conversas que orações, desta feita incluindo a Mãe de Jesus, que aprendi a conhecer e amar. Como Marista, fui dos encontros, congressos Mariais, estudei e me aperfeiçoei na fé.

Com tantas voltas dadas na vida, roda destino, vira mundo e lá fui eu ao sabor das ondas, por mares desconhecidos, aventurando-me, conhecendo, descobrindo outras

Filosofias, outros estudos e como sempre me entregando por completo ao proposto, mas nunca, nunca deixei de crer no meu Deus.

Hoje décadas passadas, busco as capelas, Igrejas sempre e me conforto na mais perfeita solidão partilhada com meu Pai, meus Santos e Anjos. Refugio-me das fraquezas, repreendo-me, resigno-me, mas sem deixar de crer no quanto sou cuidada por eles. Exagerada que sou me devoto as Marias, muitas e uma só, de sorte que na casa em que estiver estou aceita protegida e a salvo. Bato na porta da Nazica (cá de casa), Cidinha, Fática, Mercedinha, Carminha e tantas mais e todas me dizem: Vem! Entra, nossa casa é tua casa! E dizem também: Vem e eu mostrarei que o meu caminho te leva ao Pai...

Não bato só nas portas das casas terrenas, aporto no coração de cada uma delas ou melhor, elas adentram minha morada!

Ai eu digo: Senhor eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra, e serei salva!

E é assim que toda vez que vem as agruras, dores físicas e emocionais, solidão amorosa, desânimo, tudo junto ou em combinações, dobro meus joelhos, peço perdão e agradeço, por todas as presenças fortes em mim. E depois nem sei como pude me deixar abater tanto.

Ah, continuo como há alguns anos atrás, escrevendo, escrevendo, dialogando e me recolhendo, recolhendo meu silêncio nas capelas de minha vida!

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 28/01/2009
Código do texto: T1409069
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