SÉRIE ALMAS PEQUENAS Nº 12 - O EXIBICIONISMO

Câmeras desligadas, palco às escuras e mesmo assim segue disposto a se exibir;

Ouvindo multidões a lhe aplaudir, vivendo sob os flashs da miragem;

Julga-se farto rio em plena estiagem, do magnífico o elixir;

Célebre adora se sentir, sem pelo menos intuir que sua essência é maquiagem!

A sua frívola missão lhe satisfaz pelas bandejas da ilusão;

Quer ter aprovação, precisa urgentemente ser o centro de atenções;

Vence-lhe a mania das ostentações, sofre de patológica pulsão;

A mais imperdoável agressão é dar-lhe as costas, em vez de ovações!

Melhor o prato sem feijão do que o armário sem moda;

O seu mundo gira e roda na lei da gravidade teatral;

Onde lhe basta ser cinema surreal, que lhe exibe e nada cobra;

Que o bom senso desdobra, saboreando o céu em pleno lamaçal!

O exibido pisa espinhos sorrindo, sempre atuando em telas de flores;

É astro que foge das dores, drenado por sonhos forjados;

Quer estar nos murais estrelados, quer o assédio das cores;

Ele é escravizado por muitos senhores: seus confetes imaginados!

"A sede por holofotes que tipifica o exibido é seu hábil meio de manter ser verdadeiro ser inobservado"

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 24/01/2009
Código do texto: T1402590
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