O Fim dos Contos de Fada
Crescemos em meio a contos de fadas, acreditando que tudo termina em “Felizes para Sempre”. Sonhamos com o príncipe encantado, ou a princesa em apuros, que um dia iremos salvar. Que o bem sempre vencerá no final. Que a bruxa malvada vai ser vencida e nunca mais voltará. Que seus amigos sempre estarão com você e nunca farão nada pra te prejudicar. Que viveremos o “para sempre” em um mundo de paz, harmonioso, onde todos são iguais.
Crescemos, com a imagem de um amor perfeito, o qual é eterno, sem brigas, sem desilusão, mocinho e mocinha sempre trocando juras de amor. Imaginamos-nos príncipes e princesas. Formamos nossos sonhos em meio a tais crenças, aspiramos um futuro encantado, em um mundo de harmonia.
Ao decorrer da vida, somos expostos a uma realidade nada encantada. Crises políticas, guerras, dificuldades financeiras, preconceitos, desilusões, brigas, estereótipos, imposições sociais...
Nossos sonhos são amputados de nossas vidas, lentamente, a cada novo amanhecer. Até que um dia, você deixa de acreditar. Se rende aos defeitos do mundo exterior, deixa de ser uma face e se transforma em um retrato do caos ao seu redor. Se acomoda com a rotina, reduz sua grandeza a mais um ser em meio a multidão.
Parece uma visão pessimista, porém salvando o lirismo, o generalismo e acrescentando alguns detalhes particulares, temos nada mais que criações da sociedade.
Triste destino? Não, claro que não. Indiferente a conceitos sobre destino, é fato que todos temos o livre arbítrio, somos donos de nossas escolhas e herdeiros de suas conseqüências. Essa visão pessimista, nada mais é que a escolha de não escolher.
Ridicularizar o amor, porque uma vez ele o fez ridículo. Fechar os olhos a dimensão do amor e reduzi-lo a romances. Acolher os estereótipos de beleza, da moda, das revistas e deixar de ser ver um príncipe para se recolher a imagem de um sapo. Duvidar das amizades, por alguém que usou desta veste para lhe tirar a confiança.
Abrir mão de um mundo harmonioso, por se ver como um contra todos, deixando de fazer sua parte, fingindo não saber que isso só acontece porque todos pensam assim. Priorizar o dinheiro e poder, por julgar não ter o suficiente, apenas porque sente que os outros tem mais. Invejar a felicidade alheia, sem entender que mesmo que a tenha, ela não é e nem será a sua.
Renunciar aos sonhos, deixar de acreditar. Se render as decepções de não ter um mundo encantado e abrir mão do “feliz para sempre”, por não dominar a eternidade, sem perceber que o para sempre é a parte mais breve do conto de fadas.
O mundo não lhe parece encantado, porque o mundo que você vive não é o mundo que você vê.