Um instrumento de Paz
Ele também estava contemplando o céu,
via a imensidão de estrelas cintilantes e incrivelmente belas,
o menino palestino estava em cima de um amontoado de entulhos,
sim era o que restava de sua casa, o bombardeio foi arrasador,
e o pior, infinitamente pior, a maioria de seus parentes morreram,
a guerra, incrível guerra, temível guerra o atingiu por completo,
Israel estava destruindo tudo, com suas armas mortíferas,
estava impondo sua justiça a ferro e fogo,
os bombardeios era para rechaçar os inimigos,
organizações terroristas que os incomodavam.
o menino monologava em silêncio, com o olhar fixo no céu
o único lenitivo do momento, pois sua vida estava arrasada,
dizia quase que num suplício: -- estas imensidões de maravilhas
criastes, meu Deus, tudo isso te pertence, até nós e os nossos opressores,
meus amigos, vários deles me incentivam lutar, vingar, olho por olho,
esse dilema me assola, o ódio começa a tomar conta do meu ser,
parece que não tenho forças para combatê-lo, seu poder é descomunal,
o menino estava simplesmente horrorizado, naquela etapa da adolescência
sua mente confundia, foi instruído para praticar sempre o bem,
mas o que estava acontecendo fugia da sua realidade,
situação angustiante, à sua volta, o caos era completo,
morte, doença, pobreza alarmante, doença tudo provocado
e não havia perspectiva de um horizonte promissor,
o mal já estava prestes a subjugá-lo, com seus tentáculos,
estava quase o convencendo a transformar-se num guerreiro,
ele fecha os olhos queria se embebedar daquele céu emoldurado,
como que num piscar de olhos se viu envolvido por uma estrela,
completamente alucinado, estava sendo transportado,
ao abrir seus olhos estava numa gruta, havia muita luz,
o magnetismo do lugar apesar da simplicidade, o atrai para entrar,
no interior, um casal, um lindo menino recém-nascido,
no ambiente, muita paz, em todos ali dava pra perceber a santidade,
o menino palestino se envolvia extasiado naquele ambiente acolhedor,
no bebê parecia descer feixes de luz, e aquela criança lhe dizia:
--- Eu vim para salvar o mundo, lhe dou a minha paz!...
E impregnado naquela paz, o menino palestino acorda daquele torpor,
percebe que já não havia gruta nem ninguém, estava sozinho ainda
mas, clama aos céus naquele instante: --- Obrigado pela tua paz, Senhor!
Que eu seja um instrumento de tua Paz,
onde haja ódio que eu também leve o amor, como teus servos sempre fazem.
O círculo da vingança foi cortado ali, o círculo vicioso destruidor,
o mundo não sabia, mas muitas vidas foram poupadas,
muitos dias de trevas foram transformados em dias de intensa luz,
aquele menino ao invés de se tornar um guerreiro de vingança,
tornou-se num guerreiro da paz!