Navalha de névoa
Esse amor que te dedico,
Sem cobrança, sem esperanças, nem sentido,
Um amor mais que proibido
Que chega a dilacerar a alma,
Como uma navalha afiada,
Um saboroso desejo inacessível,
Como um baralho com cartas marcadas,
Um sonho de vencer impossível,
E quando encontro em tuas poesias,
Duas ou três palavras que possam me apegar,
Sinto meu coração estonteante palpitar
Como se fosse explodir de tanta alegria,
E quando me ponho a procurar,
Vejo que não foi pra me dedicar,
Que fizestes tais perfeitas maravilhas,
E como um ataque de ousadia,
Tento chamar tua atenção,
Mesmo sabendo que não deveria,
Porque pertence à outra, essa divina expiração.