SÉRIE ALMAS PEQUENAS Nº 10 - O PEDANTISMO
A quem se arvora de um conhecimento que em verdade ignora;
E nem se apavora perante a péssima qualidade de sua pretensão;
Cuja postura é vitrine da bajulação, que é feiúra por dentro e teatro por fora;
Digo que a paga da esmola há de ser a palmatória que achará seu coração!
Minúsculo e cego, esse mendigo da virtude se nega aos humildes acenos;
Preso a valores terrenos, percorre obcecado a tenebrosa vereda presunçosa,
Endossa a famosa crença perniciosa que o equivale a seus proventos;
Viaja iludido por perigosos ventos, concebe sua alma sublime e honrosa!
Narinas em riste, a todos assiste qual por superior degrau;
O cúmulo de seu mal coabita em sua íntima luxúria sociológica;
Doença fisiológica, que o coloca no coma de um pseudo-pedestal;
Filho da debilidade moral, mas julga pra si o requinte da lógica!
O problema é que morre e perece à semelhança de todos a quem menospreza;
Seu culto egocêntrico tem pressa, mas não chegará ao intento pretenso;
Quando seu tombo é imenso, a dor lhe ensina que somos da mesma remessa;
Mas quando o juízo se engessa, sumirá afogado por seu amargo veneno!
“É mais fácil ceder a lua ao reino o dia, do que ver o arrogante morrer na alegria” (Reinaldo Ribeiro)