Previsões de olhos ciganos...

Previsões de olhos ciganos...

Muitas moram em meus sonhos, tão próximas a mim que quase se fazem reais. Lá do meu mais profundo algumas se destacam, há dias que emerjo de um deserto sem fim, logo, envolta em véus sou uma Tuareg que se protege de si mesma, da areia e do frio lancinante vindo do próprio interior.

Noutros amanheceres destacam-se em aflição vozes aflitas, pedindo vez para falar, querem argumentos, momentos, suscitam a fantasia, então reúno tantas delas, envoltas em misticismo, crendices, minhas e de algum longínquo lugar onde sequer estive, coloco inconsciente e involuntário aroma no ar, como uma flor fresca que asperge seu perfume...

Pode ser das flores delicadas, de um campo que cultivo dentro da alma,

Um som quase inaudível, som de pássaros já bem distantes na revoada, ou as vozes harmoniosas dos Reclusos dos Mosteiros, que oram em melodias,

Flor nos cabelos...

Escreve teus sonhos, menina-cigana!

Conta-nos o que teus castanhos olhos vêem...

Não sei se vejo ou agasalho no olhar desejos incontidos de ofertar alegrias, iluminar, colorir, adoçar,

Guardo na íris um inteiro arco-íris...

No fundo cristal vislumbro um mundo em preto e branco, pelo que desabrigo minhas tintas pincéis e arranjo para torná-lo entre verdes e azul.

Nas linhas tênues dos sonhos um universo de intenções, sensações de terra molhada, relva orvalhada, linhas intensas de um viver febril, entremeadas de desejos de vento no rosto, beijos infindos...

Cartas partidas, retiradas de olhos fechados e coração aberto, revelam que há muito o bem é oferenda perenal, que é latente o querer ausente, que haverão desassombros que porão fim a solidão...

Retiro um longo fio de cabelo observado no refletir dos raios de sol, abrem-se caminhos nunca trilhados, ruas de pedras, flores em meio aos arbustos, vê-se o próprio sol por seus raios rodeado, contrastando com um céu límpido e anil.

Olho atenta o desenho da borra no pires, comovo-me a precisão da imagem, minúsculas formas entrelaçadas exprimem-se em aura harmoniosa, afeita por mãos mais aquecidas,de linhas humanitárias que compartilham , perdoam.

Em minha frente desenham-se um sem fim de precisões, entre letras, números, pedras, segredos retirados de misturas qual óleo na água, manchas de tintas nos papéis...

Tudo com seu significado, suas exatidões...

Destino-me um principal desejo, um previsão que busco nos meus mais internos quereres,

Que sejam dias de Paz,

Que as almas espantem o entristecer,

Que venham belas auroras ao lado do amor,

Que ávida siga num mundo de mais concórdia, conciliações, menos aterrador...

Pessoas infinitamente melhores...

Corações irremediavelmente bons, justos e fraternos...

Vida.

Boa e em abundancia...

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 19/01/2009
Código do texto: T1393035
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