Astúcia!
Lolita uma jovem poetisa prematura
Que conheci na universidade do amor
Foi minha professora da árdua disciplina
A desvendar os gravetos dessa fogueira
De uma paixão que já foi incendiária
No preto e branco colorido dos cárceres
Amizades que viraram amores impossíveis
A fazer sofrer e lavrar versos irresistíveis
Não nego e nem difamo meu ser solitário
Viciado no ritual do culto ao imaginário
Na receita do conto de tons extraordinários
Na sociedade ocultada, decantada e reprimida
Aí eu me vi total e plenamente despido
Do mesmo jeito por ela bem descrito
Sonhando acordado e não correspondido
Só pelo prazer masoquista de sugar um verso
Na crueldade narcisista da amizade cúmplice
De quem sabe que se nutrem um doutro
Pelos vasos consangüíneos da poesia
Que se permutam como seringa de viciados
Não são nem amantes e nem namorados
São dois ensandecidos poetas dependentes
Que gostam do vício prisão de suas mentes
E por vezes se tocam, abraçam e beijam...
Como bem o disse a magnífica e sábia Lolita
Ela é o ideal da perfeição e da virtude bendita
Ele não é o seu amor favorito, mas o mantém
Sob suas sedutoras e impiedosas rédeas...
Será que florescerá um amor além da arte?!
Enquanto se dá essa batalha de dupla astúcia
O que se verá no campo enlameado da batalha
Será a luta insana e teatral sob o fio da navalha.
Hildebrando Menezes
Nota: Inspirado no conto de Lolita Von Braun – ‘Amizade em preto e branco’ publicado no link: http://www.recantodasletras.com.br/contos/1390588