Divagações: eu creio.

A verdade é que religião e crença não me dão respostas

Só me levam a dúvidas. E de que me servem elas?

Acreditar em deuses, almas, espíritos,

Plano astral, reencarnação, devoção,

Nada disso dá lucros (exceto aos espiritualistas corruptos)

Que me importa o que vem depois da vida?

Até porque nem sei se existe algo além.

Viverei aqui e agora, e o além que espere, oras!

A verdade é que creio por diversão.

Porque gosto de crer e ocupar meu tempo pensando

Que, em algum lugar, alguém gastou mais tempo que eu

Criando esse universo enorme – que há mais de cinco mil anos está ‘acabando’ e nunca acaba.

Creio porque quero alguém mais forte que eu, reles humano,

Tendo poderes que eu gostaria de ter,

Sendo tudo que eu gostaria de ser e não sou.

E me consolo sabendo que todas as qualidades que quero

Estão em um ser superior, portanto aceitável.

Que me olha de cima, cuida de mim e até se importa comigo.

E gosto de pensar que essa onipotência me ouve a noite,

E em todas as outras horas do dia.

E escuta meus lamentos, reclamações e minhas confissões

Que não tenho coragem de dizer a ninguém.

E ele escuta sem nada dizer.

Assim penso que ele disse o que eu queria ouvir.

E me alegro.

Ou – quem sabe? – eu creio porque no fundo realmente saiba que exista um plano superior.

E que há milênios atrás, outros fizessem as mesmas perguntas que me faço

E novamente me alegro, porque eles também não tiveram respostas.

Então digo a mim mesmo que eles também sentiam em seu íntimo

Que vieram de algo muito mais esplêndido que um simples macaco.