MIRAGENS

Nos largos campos da inquietude,

Nas encostas dos rios onde desaguam as afeições ingratas...

Nos revoltos caminhos das flores desperfumadas,

Nos vestígios irrelutantes da corrosão e da ferrugem...

Sobre as águas frias dos oceanos congelados,

Sobre as miragens psicóticas dos áridos desertos...

Sobre as noites escuras que silenciam a vida,

Sobre os moinhos que já não reagem aos ventos...

Entre as dragas famintas da perversão,

Entre as peçonhas da inveja...

Entre as dissociações degenerativas,

Entre as enfermidades do coração...

Pelos luxos, pelas minas,

Pelos muros, pelas chacinas...

Pelas curas, pelas ervas daninhas,

Pelos bruxos, pelas falsas varinhas...

Ante às sombras do medo,

Ante às prisões do desejo...

Ante às lágrimas do desespero,

Ante às imagens que mostramos em nossos próprios espelhos...