De onde?
Com a cabeça apoiada em minha mão direita passei horas e horas,
um sujeito escreveu em sua página de relacionamentos a seguinte
frase: "Nada surge do nada, logo Deus existe".
Dei com as fuças em novo Descartes? Entretanto lembrei-me do
pensador alemão que em sua obra mencionou que a razão busca a causa.
Kant apresentou esta sentença de muito difícil refutação, a razão busca o incondicionado, esta afirmação está no núcleo de sua obra:
"A Crítica da Razão Pura".
Também acresce dizer que tudo que é alcançado pelo entendimento
está em algum tempo e espaço, necessita dizer que no pensamento
Kantiano espaço e tempo são faculdades do sensível e o sensível por
si não atinge o entendimento.
Tornei os olhos à frase da página de relacionamentos, troquei a mão
que apoiava minha cabeça, se nada surge do nada de onde e quando
surgiu Deus? Não questionei a existência de Deus, apenas fixei-me
na razão que me é instrumento para conhecimento.
Certamente não estava diante de um novo Descartes, pode-se
encontrar Deus por meio do sensível, dos sentimentos e da fé.
A razão fria não alcança Deus por si, entretanto o homem não pode ser
apenas razão há nele instintos e inclinações.
Com ambas as mãos apoiando minha cabeça recordei me do prussiano
Nietzsche, a tragédia grega, para melhor expressar : "Antígona".
Quem deu olhos a esta tragédia grega soube que pouco a razão pode
operar diante de um complexo dilema.
Por fim se a razão pudesse atingir o divino, de que serviria a fé?