UM GRANDE AMOR

Nas flores mortas do paraíso,

No silêncio e na aridez dos desertos mais longíncuos...

Nos vales escuros da desilusão,

Nas selas dos esquecidos...

Nas santas inquisições,

No escárnio e na crucificação...

No preconceito e na escravidão,

Na fé condenadora cristã...

No sangue derramado das grandes civilizações,

Nos jardins do fanatismo decadente...

No azul das águas que foram manchadas,

No verde queimado do nosso presente...

Na cultura indígena que nos foi tomada com fogo,

Na ganância da terra e do ouro...

No limite do menor abandonado,

Na impiedosa arma que condena...

Nessa infinita desumanidade suspensa,

Sempre houveram exemplos motores...

Por trás de todo o ódio que o homem sustentou,

Latente, sempre existiu um grande amor...