O Dia que nunca vem

Dias vêm e vão. Mas aquele, justamente o qual é tão esperado, do qual mais necessitamos, não, esse não vem.

Nunca.

Ou, acaso de sorte, vem.

Mas... e se não vier? Ou ainda, caso venha, como recebê-lo?

Aquilo que mais desejamos está embutido no dia que nunca vem. Não considere aqui, leitor, como sendo aquela encomenda que demora dias para ir de encontro às suas mãos. A situação é mais grave. É o nosso sonho mais selvagem, ambição descomunal, vontade de apenas satisfazer a nós mesmos e ponto. Talvez o mais puro dos hedonismos, qualquer que seja o prazer em questão.

Acontece que por muitas vezes olhamos tão à frente, tão no maldito dia, que não vemos a vida passar. E quando percebemos, já é hora de vestir o casaco de madeira. Tudo isso para o dia não chegar. É quase como uma cegueira. Ou um vício. Vício por não ter, e, por isso, querer muito. Chega a ser meio contraditório, mas você bem sabe do que eu digo. Pode ser a sua aprovação no vestibular, aquele senhor emprego, aquela menina pela qual você sonha todo dia, enfim, uma infinidade de coisas que nós, como humanos pensantes (?), fazemos virar uma meta. Ou anseio. A cabeça perde lugar à sensação, e, enquanto o dia não chegar, não pararemos de pensar sobre.

E quando chega, logo arrumamos outra zica para nos estreparmos.

Porém, isso ocorre apenas e tão somente quando o objetivo é atingido. Caso contrário, a razão continua a apanhar dos sentimentos.

Tudo apenas pelo fato de sermos pessoas que refletem sobre os mais diversos assuntos em uma gama de áreas.

Sempre temos algo a cumprir. Isso é ótimo. O problema jaz quando o alvo vira obsessão.

Agora, será que compensa mesmo esperarmos pelo dia que nunca vem?