Desejo
Desejo
Tudo perece desabar!
Os dias sombrios;
as noites longas, sem brilho,
A espera do que não vem, ando por um deserto...
Não tem água e você se foi.
Tenho saudades e tenho sede.
Que imprudência!
Não trouxe comigo uma reserva, e você me faltou.
O sol é quente e o caminho é longo;
lentos e intermináveis são os meus passos.
A estrada parece não ter fim.
O calor é infernal.
ah! Tudo por um momento no paraíso!
De longe, vejo o que julgo ser uma visão.
Sinto sua dor, seu olhar...
seu coração pulsar perto de mim,
É forte como o batuque do Olodum,
estrondoso como o trovão em tempo chuvoso,
e apressado como os passos do avestruz.
É sua lembrança que me transtorna e me aproxima
do que ainda não existe.
Vejo-te, mas não és...
Sinto-te, mas não estais;
e, lançando um olhar para além do que vejo, constato:
é você, meu desejo, que antes fugira de mim,
e agora, atraído pela força implacável do sentimento e da razão,
meu coração, tua morada... Abriga-te e obriga-me a não te ignorar.
Porque como o presente, és, estais e sempre estarás,
Mesmo que, além do que os míseros olhos podem ver,
Morando eternamente em meu coração.