A medida certa da fé

A mente é um receptáculo de sonhos que precisa ser adubada pela fé.

E em muitas circunstâncias eu me questionei a respeito da medida perfeita da fé que pode transformar o estado das coisas.

Em minhas leituras bíblicas, em meu manual zen- budista, em trechos do alcorão ou em qualquer material escrito que me caiu em mãos, quer pela boa vontade alheia, quer pelas experiências de outros, encontrei muitos conceitos, idéias interessantes e até passagens reconfortantes, como aquela, por exemplo, que compara a medida ideal da fé ao grão de mostarda.

Mas, o fato é que a fé é uma experiência pessoal e intransferível. Não dá para outorgar a outro o pedacinho da fé que a gente tem ou mesmo receber de alguém que muito nos ama, as benesses da fé por ele acumulada. E não existe uma receita, um ritual, uma prática que nos leve de maneira resoluta à fé ideal.

Muitas religiões defendem a prática de orações, da meditação, de cantos e louvores. E não discordo que seja de muito enlevo cumprir tais rituais, pois se há algum lugar onde o altíssimo possa habitar, certamente, esse lugar é de silêncio, alegria e paz.

Todavia, deve haver uma sincronia entre o rito e a essência contida nele. Cada vez mais tenho pensado nisso, cada dia a mais tenho acreditado nisso. É preciso sentir o que se diz, é preciso cunhar cada palavra como o faz um ourives com uma peça artesanal. É preciso dar sentido ao oco ressoar de letras agrupadas, formando palavras, frases, parágrafos, textos e idéias; quase sempre de amor.

É preciso alinhar o pensamento, a palavra e a ação. E foi assim que eu experimentei algumas transformações pessoais. E não pretendo aqui, divulgar alguma religião em especial, aliás, dizer eu sou isso, ou sou aquilo, é hoje para mim algo totalmente sem sentido, que mais se parece com a identificação de time de futebol ou de clube de vizinhança.

Hoje eu sou religião. E religião é religar, é reunir o que estava separado. No caso, o homem a Deus. Ou, como o queiram chamar. O fato é que quando me recolho e busco respostas, compreensão, orientação; estou confessando a minha pequenez e ignorância. E declarando no silêncio do meu coração e mente que eu não me basto. E o meu desejo nessas horas vai além da resolução das questões pessoais. De repente, aqueles probleminhas cotidianos e mesmos os grandes se perdem. E sinto que há outras pretensões de Deus para minha vida.

Nessas horas me sinto leve, tiro dos meus ombros o peso das futilidades, das questões irrelevantes, das ambições desmedidas, da arrogância do conhecimento que não transcende.

E nesses instantes sinto que tenho fé suficiente para seguir até onde Deus quiser que eu vá.

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adelaide de paula martins fontes santos
Enviado por adelaide de paula martins fontes santos em 16/12/2008
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