SÉRIE ALMAS PEQUENAS Nº 04 - O MALEDICENTE

Tal como o fogo virulento que se alastra pela relva em sequidão;

Igual ao aguilhão que dilacera ou adoece sem ter dó;

Diria que é nó de forte amarra e que não pára sem qualquer má intenção;

Assim é a devastação patrocinada pela língua de um maledicente só!

Seu instrumento peçonhento é maior que o mundo, mas lhe cabe na boca;

A sua ânsia é demasiada louca e lhe oportuniza caluniar como um soluço leviano;

Promove o engano e faz a frágil alma recorrer à forca;

É mosca escondida sob a sopa, é rapina esfomeada revoando!

Quando maldiz, essa figura tão sombria pensa se iluminar;

É derrotado que se imagina a ganhar, atira em derredor e nem percebe que se atinge;

O maldizente pra si mesmo finge, tentando a consciência contornar;

Porém jamais irá clarificar a negritude amoral que mortalmente lhe tinge!

Que a sensatez não perca tenta em ouvir o que a boca maldizente põe-se a falar;

Que exercite o sábio silenciar quem não consegue controlar a própria língua;

Porque à míngua ante a felicidade o seu destino tende a desaguar;

Porque até a doce uva costuma amargar no paladar de quem contaminar sua vinha!

“A tecnologia bélica de ponta, no uso de todos os seus arsenais, jamais conseguiria competir com o poder destrutivo de uma única língua” (Reinaldo Ribeiro)

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 16/12/2008
Reeditado em 23/01/2009
Código do texto: T1338073
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