SÉRIE ALMAS PEQUENAS Nº 04 - O MALEDICENTE
Tal como o fogo virulento que se alastra pela relva em sequidão;
Igual ao aguilhão que dilacera ou adoece sem ter dó;
Diria que é nó de forte amarra e que não pára sem qualquer má intenção;
Assim é a devastação patrocinada pela língua de um maledicente só!
Seu instrumento peçonhento é maior que o mundo, mas lhe cabe na boca;
A sua ânsia é demasiada louca e lhe oportuniza caluniar como um soluço leviano;
Promove o engano e faz a frágil alma recorrer à forca;
É mosca escondida sob a sopa, é rapina esfomeada revoando!
Quando maldiz, essa figura tão sombria pensa se iluminar;
É derrotado que se imagina a ganhar, atira em derredor e nem percebe que se atinge;
O maldizente pra si mesmo finge, tentando a consciência contornar;
Porém jamais irá clarificar a negritude amoral que mortalmente lhe tinge!
Que a sensatez não perca tenta em ouvir o que a boca maldizente põe-se a falar;
Que exercite o sábio silenciar quem não consegue controlar a própria língua;
Porque à míngua ante a felicidade o seu destino tende a desaguar;
Porque até a doce uva costuma amargar no paladar de quem contaminar sua vinha!
“A tecnologia bélica de ponta, no uso de todos os seus arsenais, jamais conseguiria competir com o poder destrutivo de uma única língua” (Reinaldo Ribeiro)