Engenho. E arte?

Tenho escrito alguns pequenos textos

Num versejar por demais incipiente

Sem verve nem graça. Poemetos?

Não. Em verdade, traços de emoção

Arremedos? talvez. Sem métrica ou esmero

Versos vetustos. Iludem, sem enganar

Me equiparam a Andrade, no pronome

Toda a temática que penso me inspirar

Já foi tratada em poemas de verdade

Vinicius, Chico, Clarice...sumidades

Sentiram como eu, humanos, mas só

Sinto intensa vontade de apagá-los

Mas não posso, são como filhos

Como jogá-los pela janela...

Desengonçados e sem valor

Nascem das minhas percepções

Do concreto e das abstrações

De tudo isso que me permeia

Não posso deixá-los numa lixeira

Muito menos queimá-los numa lareira

Frutos de um tardio expressar

Dou-lhes uma folha em branco

Filhos imaginários precisam de um lar

Me dá um cigarro, Andrade!

Dê-me, Drummond, engenho e arte