EM VINTE E QUATRO HORAS
EM VINTE E QUATRO HORAS
Em vinte e quatro horas eu poetizo uma vida,
Ou declamo uma sentença de morte.
Em vinte e quatro horas alcanço meu Deus,
Ou penso ser eu mesmo uma divindade.
Em vinte e quatro horas arrumo uma eternidade,
Pensando momentos presentes e transigentemente serenos,
Ou me afogo nas lágrimas de uma arrogância sem fim.
Em vinte e quatro horas abraço meus iguais e clamo seus venenos,
Ou me levanto da cadeira empunhando minhas mentiras.
Em vinte e quatro horas sou eu mesmo apesar do passado,
Ou o passado no presente em que tento me esconder.
Em vinte e quatro horas estudo algumas palavras,
Ou em insiro num livro inteiro.
Enfim, Em vinte e quatro horas sou uma vida,
Um grito de liberdade, um companheiro das boas idéias,
Um impotente cercado de força e confiança,
Ou simplesmente um morto vivo em meio ao sofrimento.
J.C. Cavalcante