VOTO NA MENTIRA
Fui eu quem, apenas por instantes, chorou.
Foi um fato para mim relutante, chorar sem agonia.
Chorei por obrigação e não por convicção.
Chorei porque não havia ninguém mais para chorar.
E paradoxalmente, fiz tão bem que fui mau.
Fui desprezível, unilateralmente, porque me fiz ausente.
Fiz da vida um teatro de boas ações.
Se algum altruísmo há, eu mesmo desconheço.
Sei apenas dos momentos, que isso me saiu naturalmente.
Então chorei verdades e mentiras,
Chorei a liberdade sem chorar a tirania.
Sei do dom que recebi, mas nada foi prazer,
Talvez vontade de ser sem poder.
Sou ator de ganha exatamente o valor que merece.
Sou simplesmente um político que sonha ser presidente.